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Monday, May 29, 2006


Onde estariam as flores deste roseiral
Cujo torpor cria malévolas lembranças
Tudo vivo, menos rosas?
Que asas estas as de rasantes
Sobre realidades secas, duras, febris?
Onde está aquela caixa de brinquedos
Que eu jurara encontrar?

As flores morreram.
Eu caí.
Os brinquedos, facas.

Sem perceber, a memória sucumbiu.
E eu, com ela, deixei-me levar.
Enfim, destruí-me.

E para quê tantos espelhos?

Todos rachados...
Em cada caco, uma não-história
Que teimava em inventar.


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Foi no justo momento da materialização da escrita que senti que tudo estava acabando. Incrível o que me move, não atinjo o fora, minha escrita está irremediavelmente imersa em minhas lágrimas, e por ora tenho asco desta condição, embora demasiadamente humana – a de recolher-me e procurar abrigo nos silêncios.
Um dos filmes mais belos: Noites Brancas (Luchino Visconti). Uma estória da solidão e do vazio da existência. Incrível como sou convencida da impossibilidade de soluções... Decido calar-me: por um tempo, talvez. Porventura ouçam um grito.

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