Pages

Wednesday, January 31, 2007

desoladora virtude
não vestes vermelho
não és digna
bobagem esta a de significar
assim pretenciosamente
uma vida de cruezas banais
manipulas o que não possuis
doam-se os que não têm pulso
enfrentar-te é não se deixar seduzir
por teus lábios fétidos
- veneno lançado ao chão -
de uma inconsequência qualquer.
ah, mulher,
como podes dizer que autenticidade
é fecalidade
sim, a merda é mais respeitável
não temas a dúvida.
para que santos
se o batismo já foi reinventado
apoia a tua face no lodo
ele te repensará.

Monday, January 29, 2007

Buenos Aires sangrando
palavra-chão
de um corpo-pele amassado
fragmento despedida
de uma sensação linda
o simples jogar-se
ao tempo de dançar
ao som do movimento...
desabrochar.
las espaldas duelen
e já não me contento em passar
tal qual água corrente
de movimento incessante
irremediáveis contornos
de rosto seco, a chorar
demorar-se em si mesmo
tanto quanto silenciado
daqueles retornos corridos
ah, a angústia agora
é suor, tudo tão quente
e o corpo já não se fere
auto-flagelo de outrora
agora é um quarto vazio
querendo-se povoar
não, não é por conveniência
alguns chamam isso de saudade
e chego cada vez mais,
aproximando cercanias
ao redor e tudo mais
e os kilômetros se vão
seja a 140 e poucos (ou não)

fim da borracharia
e do pernoite
corpos estendidos
ao longo da estrada
sangue nuvens e pouco luto
desvia-se do buraco
mas não da noite
[meia-noite]

rumo ao nada-tudo
de algum porvir
será o lodo a bater?
mas não há porta
quiçá identidade...

só se tem passagem...

Wednesday, January 17, 2007


mercado de pulgas - Buenos Aires / Argentina