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Monday, November 27, 2006

Contact improvisasión

O limite do chão é
quando meu braço
sem perceber
toca o papel
corpo estranho
poeira nas mãos
e no rosto o cabelo solto
descontrolado
sem limite
poética dos fragmentos
(de mim)
jogados ao chão

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d'algumas experiências dançantes e moventes, ao som da voz da prof. argentina de Contact, Marina.
Lindo. Simplesmente.

Ulisses Carrion - México


Friday, November 24, 2006

Mandrágora

Daquelas tardes frias
de ópio enfileirando a poética
revisitando confins de memórias
rotos e amassados
senti pouco ou muito
de uma presença de ti
ainda não o sei.
Nos liames
foi que te percebi
em meio a lágrimas
e algumas ataduras do tempo
que se esvaem
naquela curvatura
entregue à passagem
das dobras, recheios ou desenlaces
do viver.
Pois não, alguma obra feita.
Paragens ou um sonho à espera
de quem (o) sonhe
Frituras do porvir
(Ah, quão entregue ao suor
que me aludes).
E depois,
dos lixos da vida
revestidos de brilhos
distâncias mínimas, quem sabe
ou uma aparência insuportável
a menos de dois passos
o vômito.
E lá onde bate a casca
a lágrima do tempo retorna (retoma)
por que cargas fede?

Ah, mandrágora memória
Deixe-me em paz

Barbara Kruger


Wednesday, November 22, 2006

Escritas e esboços

Meu primeiro esboço para a escrita: a sua auto-flexão. Não seria refleti-la, mas propor, com ela, a formação de novos mundos, desdobramentos. Para isto, utilizo-me de alguns referenciais, sendo tecidos principalmente a partir de afirmação encontrada em uma seção do Zaratustra de Nietzsche (2005), intitulada “do ler e escrever”; [...]

Compor sobretudo um desejo: tratar Nietzsche com a devida insubmissão (ou não limitação?) a seus escritos, como o estudante que abandona seu mestre e tenta escrever suas próprias linhas, tal qual o personagem-conceitual Zaratustra o quer, demonstrando que “um modelo não é uma prisão, ele convida a encontrar seu caminho e a manifestar sua ingratidão” (ONFRAY, 1995, p. 13), não tornando a sombra do mestre um espólio, ou fabricando um dublê de intelectual... Assim, procuro tratar a escrita neste pequeno escrito (desculpe-me a repetição) como algo ligado à vida, e sendo delineada conforme as experiências, escolhas e modos de existir. O escritor como um artífice da palavra, da palavra que fere, suscitando fluxos e devires, enfim, movimento e vida.

A primeira passagem: “De tudo o que se escreve, aprecio somente o que alguém escreve com seu próprio sangue. Escreve com sangue, e aprenderás que sangue é espírito” (NIETZSCHE, 2005, p. 66).

...

sangue delicado