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Tuesday, May 27, 2008

Reminiscências

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Apoia-se na janela e assiste a vida passar. São movimentos frenéticos, mas observa tudo com uma serenidade de quem respeita o movimento da vida. O tempo já não é motivo de dor... Não pensa que já vivera tudo, embora no alto dos seus 72 anos muito já esteja impresso nos limiares de seu corpo: rugas e cabelos brancos, disso já havia notícia há anos. Mas ela sorri. Não faz parte da geração cosmética. E respira aliviada por isto.

Um singelo ‘olá’ àquele que passa. Pensam que ela espera, um amor, uma dor, algum instante puro e doce de afeto. “Espera não é desespero, menino”, ela pensa em dizer para o garoto que corre sem saber para onde vai.

Ela não espera. Sabe, simplesmente, respeitar o tempo. Sabe, também, que n’aquela janela onde se debruça todos os dias estão inscritas muitas memórias que talvez não tenha tempo de contar.

Por onde estarão as pessoas dispostas a ouvir?


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4 comments:

  1. São 8,43 da manhã, eu nao quero vir a falecer tão cedo, ainda tenho um dia pela frente.
    Tu és toda poesia, ar e luz. Sem palavras.

    Ricardo

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