Contar os descaminhos da minha memória.
Mas isso não tem nenhuma relação com recordar...
Não olho para trás quando olho para trás.
Queria habitar um entre, um território não-cinza.
Um lugar que fosse sendo criado, como todo passo,
Todo caminho.
Queria compor uma geografia dos meus passos.
Uma anti-análise do meu afeto.
E o saborear de uma criação.
Apenas sentir o passar do vento ao redor dos meus cabelos.
A vertigem de ficar estática por cinco minutos.
Acordada, sem saber.
Queria sentir o toque da mão... sobre a mão.
Como se me tocasse, e isso me fizesse sendo.
Um corpo.
Um corpo que anda.
Um corpo que anda e sente.
Queria percorrer este lado obscuro da minha memória.
Em que me faço outra, a cada história que conto.
Narrando-me, eu abro espaço para muitas outras
Que não fui.
E que agora estou sendo.
Pois sou corpo.