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Wednesday, May 31, 2006



"Sempre posso parar, olhar além da janela. Mas do interior do trem, nunca é fixa a paisagem" (C.F.Abreu)

Realmente... Há de se fazer da vida um trem. Nunca fixar paisagens, não fazer de fraquezas, limites... Não há limites para quem não tem telhas cobrindo horizontes.

Monday, May 29, 2006


Tocando na água (ou no céu?), Iasmyn, meu bem.


Renovar-me, Repovoar-me, Encontros, Caminhos...

Aquele arco-íris
No lugar nostálgico
Da minha infância
Cujo cotidiano leve fluía
Sem perceber poesia
Nas árvores que se beijam...

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Final de semana reabilitado. Encontrar pessoas que nos potencializam a enxergar pequenas belezas no cotidiano é fundamental. Um domingo colorido suavemente, de pequenos silêncios não perturbadores. Meus grandes-pequenos amores, minhas garotas-poesia, estes laços sangüíneos que tanto me fazem alguém mais serena e, diríamos, até, mais confiante na humanidade (?Serei eu tão dramática?)...
Iasmyn e Tzitzi, meus fotógrafos faboridos!
Nathali, a menina mais doce que conheço. Seu olhar diz tudo, e naquele momento trouxe-me exatamente aquilo que eu mais precisava.
Engraçado como o pôr do sol fica mais laranja e belo, e como as estrelas brilham mais quando a gente se sente assim...

Onde estariam as flores deste roseiral
Cujo torpor cria malévolas lembranças
Tudo vivo, menos rosas?
Que asas estas as de rasantes
Sobre realidades secas, duras, febris?
Onde está aquela caixa de brinquedos
Que eu jurara encontrar?

As flores morreram.
Eu caí.
Os brinquedos, facas.

Sem perceber, a memória sucumbiu.
E eu, com ela, deixei-me levar.
Enfim, destruí-me.

E para quê tantos espelhos?

Todos rachados...
Em cada caco, uma não-história
Que teimava em inventar.


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Foi no justo momento da materialização da escrita que senti que tudo estava acabando. Incrível o que me move, não atinjo o fora, minha escrita está irremediavelmente imersa em minhas lágrimas, e por ora tenho asco desta condição, embora demasiadamente humana – a de recolher-me e procurar abrigo nos silêncios.
Um dos filmes mais belos: Noites Brancas (Luchino Visconti). Uma estória da solidão e do vazio da existência. Incrível como sou convencida da impossibilidade de soluções... Decido calar-me: por um tempo, talvez. Porventura ouçam um grito.

Thursday, May 25, 2006


Simplesmente, simplesmente

simplesmente amor

preferi o poço
das águas profundas
a viver no raso
do cotidiano trivial

simplesmente riso

preferi o afago
das gargalhadas despretensiosas
a uma realidade
de lágrimas a serem contidas

simplesmente olhar

preferi a intensidade
da paixão e do medo
a uma sobriedade
de certezas e eternidades

simplesmente rio

preferi o que me atravessa
ainda que despercebidamente
que me toque, linha de fuga,
e que me complete, mar em fúria

simplesmente, simplesmente...
(Bigatrice, de tempos atrás)

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"Deixa que a loucura escorra em tuas veias. E quando te ferirem deixa que o sangue jorre enlouquecendo também os que te feriram" (Caio Fernando Abreu).

Wednesday, May 17, 2006

Aula de inspirações malévolas...

Que engodo esta sala de aula. Pessoas sem o mínimo de permissão ao sentir, falando dos estóicos, justo estes, que falam do corpo...
Uma mulher que se expõe: mas não tem nada a dizer. Ridícula esta turma que caio de pára-quedas, estas cobras que se relacionam cinicamente, e ficam duas horas com um texto em grego, achando-se sábios pelo simples fato de saberem fazer uma tradução.
Campanha política descarada, uma arma voltada aos alunos, sob o signo do "preocupamo-nos com vocês". Que piada.
Resultado: "O Nietzsche do nosso doutor é muito sério".
Eu não agüento o que fazem com a Filosofia neste lugar. Esta geografia do absurdo!
Que desejo de evasão...
Por aqui o que eles precisam é de seguidores...
E ainda me perguntam se eu gostaria de fazer mestrado em Filosofia na Ufpel...

Thursday, May 04, 2006


"Arquivo-morto" ou os caçadores de sonho
Arquivo-morto - Parte I
Estranho é a baixa das desfesas
No justo momento da chegada
Pele inestesiada
Em frente ao êxtase (?)
Vontade de imersão
Tesão, liberto
Mas não estou somente aqui.
Por onde?
Por de trás desta porta coração?
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Arquivo-morto - Parte II
Por através deste líquido-vermelho afogo toda esta angústia que me consome nos últimos momentos. A falta.. Não é uma questão de aprender a lidar com ela, mas sim um olhar sem busca de foco. Despretencioso, diria-se; de passagem, instante, fugaz. Como dar conta de tamanha insensatez? Simples. Não dando! Estou à beira da explosão, e me sinto neste copo. (N) Esses raios.
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Arquivo-morto - Parte III
Qual foi mesmo a idéia que eu tive hoje? Vivo na constante tentativa de desprender-me que até esqueço. Agora penso na possibilidade (ou seria necessidade?) do esquecimento. Como fica o caso das memórias sepultadas? O que pode significar este 'arquivo morto'? Grande equívoco, este de a tudo nomear. Por vezes prefiro o silêncio, desde que ele não seja uma mudez docilizada, 'normal'.
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Arquivo-morto - Parte IV
Aversão a tudo que é dito sem contradição, claro, límpido, verdadeiro.
Quão profundos seriam estes se nunca foram jogados ao poço?
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Arquivo-morto - Parte V
Perder-se. Não na busca, meticulosa, mas no próprio ato de mover-se. Devir sem pureza. Devir sem certezas. Parto ao encontro do que ainda não sei. E não há nada que me garanta que o saberei da forma que dizem o que é o saber, depois de senti-lo.
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Arquivo-morto - Parte VI
A letra está crescendo. Será a minha vontade de invadir este pedaço de papel?
Será a vontade de dele tomar conta e depois fugir?
Estas letrinhas
a o z l m x f p
Adentro-me.
No sense.
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Arquivo-morto - Parte VII
(Oi. Estou aqui)
Mesa preta, cadeiras com um branco que é escondido. Isto não é puro contraste, aliás, as paredes são de um ocre vibrante que me comove.
Este cinzeiro está vazio. Nesta mesa niguém fuma. Nem eu.
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Arquivo-morto - Parte VIII
Agora vem o desejo de Caio Fernando Abreu. Ele está ao meu alcance, mas seria uma ferida exposta, neste momento, recorrer à sua dor.
Ele me faria chorar.
E eu voltaria a ser criança.
Sem me preocupar...
Sem nada esperar...
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Arquivo-morto - Parte IX
Agora minha mão é
engolida pelo copo
e se transforma
em vinho.
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Arquivo morto - Parte X
Cadê o hífen???
É tão interessante contemplar a felicidade da idolatria
"give love
under pressure"
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Arquivo-morto - Parte XI
É o desdobramento do tempo
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Arquivo-morto - Parte XII
Errei.
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Arquivo-morto - Parte XIII
liberdade - bar liberty
chorinho - little cry
1 mês 13 dias 54 minutos e 31 segundos (seconds).
nome significativo.
maracujá.
oh yeah.
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Arquivo-morto - Parte XIV
Esta imagem (intensa)
intrínseca (em mim)
Construo-a em ti.
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Arquivo-morto ou Arquivo - Parte XV
Mudou para arquivo. mas meu intuito não foi ressucitá-lo. Uma estranha abstenção do não-tempo que voltará (um dia) ao . (ponto)
Arquivo- morto.
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Arquivo-morto - Parte XVI
A imagem que criamos através da espontaneidade e desejo criados pela sonoridade.
Vocal do Portishead morena com cabelos compridos.
Assim a vejo em meu ouvido.
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Arquivo-morto - Parte XVII ou até que enfim
Vamos fotografar
o mundo
Ou seja, nós.
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Que noite! O bloquinho de papel do Paulinho (dono do bar) foi pro beleléu, mas até que foi divertido =D
Francis Alys. "Narcoturismo". Série de fotos tomadas drogado

Uma resposta...

"Isso aciona sua prática (docente /estudiosa /investigadora /vital) cotidiana? Como?"

"Por estar em momentos de transição (ainda que todos o sejam), este curso é particularmente um potencializador de novos olhares e possibilidades. Deparar-me com expressividades artísticas como o cinema numa vertente poética e os grupos de intervenção na paisagem urbana, que por vezes de tão efêmera faz-se tão fria, é de vital importância.
Por isso aprecio mais esta mudança vital, mesmo, e não distancio nada do corpo, esse encontro físico, essa ebriedade, que me povoa e me leva na corrente, ainda que não saiba precisar 'qual'.
Enfim, se a fala de vocês, as expressividades de vocês, os assuntos que foram de alguma forma trazidos à tona me potencializam é porque certamente o momento de inquitude se faz presente. E isto não diz respeito ao meu corpo (somente), mas ao mundo que me circunda e crio, que alastro, também, através do olhar de vocês.
Processo monográfico e 'estagiar' que estará subcutaneamente perpassado por estes afetos. Estes assuntos são ótimos porque me colocam em movimento... Fazem-nos assumir este devir...
Acho que isto que importa.
(Não é?)

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O "Isso" da pegunta é referente ao curso de extensão que estou participando: "Filosofia, arte e educação: Deleuze e o abecedário", com as professoras Carla e Cynthia. Dentre tantas orgias, trabalhamos com Agnez Vàrda, Francis Alys, Grupo recolectivo, Grupo La Baulera, sempre, obviamente estabelecendo encontros com a filosofia de Deleuze. Esta pergunta foi feita após muita conversa sobre terrorismo poético, sobre criação de sentido a partir da experiência do sem-sentido, da relação que uma intervenção, uma ação (e não uma obra!) só tem sentido quando propõe a inquietude, a comoção... Pareço meio boba, mas é tão lindo tudo isso...

Monday, May 01, 2006


Praticamente constituída de encontros, sejam eles de passagem ou pequenas mobilizações que pouco se compreende (esse rio que rio, esse mar-amar), aqui estou, menos ser, mais permitir-se. Recomeçando... Sempre, infinito, breve, vão.